sábado, 26 de junho de 2010
Union Square Farmer's Market
(nao sei muito bem como)
mas com as minhas raízes do campo
este fascínio por flores
e os meus incorrigíveis hábitos madrugadores
há sempre uma elevada probabilidade
de me perder num sítio destes
[that was fun! :)]
City of Cambridge Dance Party
Each year, hundreds of Cambridge residents and friends gather for this free citywide street party featuring a variety of music. After dark, spectacular lights will be launched, adding to the magic of the evening!"
Friday, June 25, 7 – 11 p.m.
795 Massachusetts Ave. (in front of Cambridge City Hall)
"Grab your dancing shoes and join hundreds of people — young and old — who will move to the groove at the The portion of street in front of Cambridge City Hall, between Inman and Bigelow Streets, will be closed to traffic, but open for dancing!!
795 Massachusetts Ave. (in front of Cambridge City Hall)
"Grab your dancing shoes and join hundreds of people — young and old — who will move to the groove at the The portion of street in front of Cambridge City Hall, between Inman and Bigelow Streets, will be closed to traffic, but open for dancing!!
(isto é a City Hall com efeitos luminosos projectados nela,
e - se a foto fizesse justiça - ,
viam-se também centenas de pessoas a dançar ao som da musica :)
e - se a foto fizesse justiça - ,
viam-se também centenas de pessoas a dançar ao som da musica :)
sexta-feira, 25 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
"How do you get to West Egg village?" he asked helplessly.
I told him. And as I walked on I was lonely no longer. I was a guide, a pathfinder, an original settler. He had casually conferred on me the freedom of the neighborhood.
And so with the sunshine and the great bursts of leaves growing on the trees, just as things grow in fast movies, I had that familiar convinction that life was begginning over again with the summer."
The Great Gatsby, F. Scott Fitzgerald
quarta-feira, 23 de junho de 2010
[Eu lucro, por causa da cor do trigo]
[escrevia eu, há quase dois anos, blue.
mas ele escreveu infinitamente melhor do que eu alguma vez conseguirei]
- Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
A minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens caçam-me a mim. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu aborreço-me um pouco. Mas se tu me cativares, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos fazem-me entrar debaixo da terra. O teu chamar-me-á para fora da toca, como se fosse música.
E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa nenhuma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, far-me-á lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
(...) No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começo a ser feliz. Quanto mais se for aproximando da hora, mais feliz eu me sentirei. Às quatro horas, então, vou estar inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... São preciso rituais.
- Que é um ritual? - perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, de todas as outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um ritual. Dançam à quinta-feira com as raparigas da aldeia. A quinta-feira é, por isso, um o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa.
Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou, disse a raposa.
- Então, não lucras nada...
- Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
A minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens caçam-me a mim. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu aborreço-me um pouco. Mas se tu me cativares, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos fazem-me entrar debaixo da terra. O teu chamar-me-á para fora da toca, como se fosse música.
E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa nenhuma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, far-me-á lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
(...) No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começo a ser feliz. Quanto mais se for aproximando da hora, mais feliz eu me sentirei. Às quatro horas, então, vou estar inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... São preciso rituais.
- Que é um ritual? - perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, de todas as outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um ritual. Dançam à quinta-feira com as raparigas da aldeia. A quinta-feira é, por isso, um o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa.
Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou, disse a raposa.
- Então, não lucras nada...
- Eu lucro, disse a raposa,
por causa da cor do trigo.
por causa da cor do trigo.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Diz a terceira lei de Newton que...
... "quando um sistema interactua com outro sistema, exercem-se forças simultâneas, que possuem a mesma direcção, a mesma intensidade (valor numérico) e sentidos opostos.
A lei da acção-reacção diz que se um corpo exercer uma força sobre outro, este último exerce sobre o primeiro uma força que tem a mesma direcção, o mesmo valor, mas de sentido oposto ao da primeira força. A força que se exerce entre dois corpos é uma força atractiva, denominada por força de atracção gravitacional.
Nas grandes massas como a Terra e outros corpos celestes originam-se forças gigantescas deste tipo. No entanto, nos corpos pequenos esta força é muito fraca e não é detectada pelos métodos convencionais."
A lei da acção-reacção diz que se um corpo exercer uma força sobre outro, este último exerce sobre o primeiro uma força que tem a mesma direcção, o mesmo valor, mas de sentido oposto ao da primeira força. A força que se exerce entre dois corpos é uma força atractiva, denominada por força de atracção gravitacional.
Nas grandes massas como a Terra e outros corpos celestes originam-se forças gigantescas deste tipo. No entanto, nos corpos pequenos esta força é muito fraca e não é detectada pelos métodos convencionais."
[eu sempre achei que não há pessoas boas ou más.
que há pessoas, em dias bons ou maus, com facetas boas ou más.
mas mais do que isso acredito, como máxima de vida,
que se lhes tentarmos oferecer as nossas coisas boas,
por norma, elas se esforçarão por nos oferecerem o que de melhor tiverem.
sim, eu sei que nós somos corpos pequenos,
que os métodos convencionais não detectam,
mas a terceira lei de Newton está aí.
e é por isso que eu hoje tive uma sobremesa com gelado,
tal como precisava.]
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Families
O meu supervisor é uma pessoa verdadeiramente inspiradora.
E eu podia dar muitos motivos pelos quais estar com ele me estão a tornar uma melhor profissional (tais como a cortesia infinita dele com os doente, a forma como lhes diz que só lhes nega o que eles acham que precisam porque se preocupa com eles, a alegria genuína com que cumprimenta os pais pelos miúdos estarem tão crescidos)
mas
pessoas assim deixam mesmo uma pegada no nosso caminho (quando o vejo atarefado entre mil consultas e trabalhos e faculdade e ainda assim a ter tempo para resolver tudo com a maior calma e o maior sorriso, a cantar para os bebés, a ligar para a mulher só para dizer olá) - e eu penso, é assim que eu quero ser
e hoje diz-me
(depois de uma consulta que nos durou 50 min, com uma doente com uma longuíssima história de problemas sociais e abuso de drogas pelos pais que a abandonaram em pequena, deixando-a aos cuidados de uma avó que nunca se parece ter preocupado muito com ela)
eu fui um bebé adoptado,
tive tanta sorte porque este policia e esta professora me criaram com tanto carinho
que eu todos os dias dou graças por eles se terem cruzado na minha vida
e pelo amor que nos une
E eu podia dar muitos motivos pelos quais estar com ele me estão a tornar uma melhor profissional (tais como a cortesia infinita dele com os doente, a forma como lhes diz que só lhes nega o que eles acham que precisam porque se preocupa com eles, a alegria genuína com que cumprimenta os pais pelos miúdos estarem tão crescidos)
mas
pessoas assim deixam mesmo uma pegada no nosso caminho (quando o vejo atarefado entre mil consultas e trabalhos e faculdade e ainda assim a ter tempo para resolver tudo com a maior calma e o maior sorriso, a cantar para os bebés, a ligar para a mulher só para dizer olá) - e eu penso, é assim que eu quero ser
e hoje diz-me
(depois de uma consulta que nos durou 50 min, com uma doente com uma longuíssima história de problemas sociais e abuso de drogas pelos pais que a abandonaram em pequena, deixando-a aos cuidados de uma avó que nunca se parece ter preocupado muito com ela)
eu fui um bebé adoptado,
tive tanta sorte porque este policia e esta professora me criaram com tanto carinho
que eu todos os dias dou graças por eles se terem cruzado na minha vida
e pelo amor que nos une
(e eu fiquei entupida a pensar,
quanta ingratidão para com a vida, às vezes)
quanta ingratidão para com a vida, às vezes)
domingo, 20 de junho de 2010
Spot Pond
O Spot Pond é um lago que faz parte da reserva de Midlesex Fells, em Wincester, 14 kms a norte de Boston. Esta zona era inicialmente conhecida por ser um ponto de extracção de granito e de moinhos de água que suportavam algumas indústrias nas redondezas, mas desde que foi convertida em reserva natural é uma zona protegida para a prática de desportos (aquáticos e outros). Nós fizemos um passeio de kayak durante a manhã!
Na reserva existe também um parque, o Sheepfol picnic area, que é um campo aberto onde as pessoas costumam fazer piqueniques e jogar frisbee e outros jogos. E realmente, depois de uma manhã de kayak, sabe mesmo bem um picnic e uma sesta à sombrinha (que amanhã já não há mais fim de semana para ninguém :).
sábado, 19 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Pizza Party
quinta-feira, 17 de junho de 2010
the butterfly effect
*às vezes o mundo é fresco e novo,
subitamente tão pequeno como um recreio de escola*
e nesses dias eu acredito que o efeito borboleta existe
subitamente tão pequeno como um recreio de escola*
e nesses dias eu acredito que o efeito borboleta existe
*Efeito borboleta* é um termo que se refere
às condições iniciais dentro da teoria do caos.
Segundo a cultura popular,
o bater de asas de uma simples borboleta
poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim,
talvez provocar um tornado do outro lado do mundo.
às condições iniciais dentro da teoria do caos.
Segundo a cultura popular,
o bater de asas de uma simples borboleta
poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim,
talvez provocar um tornado do outro lado do mundo.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Red Sox Game
Sim, agora somos "true bostonians!"
Não que nenhuma de nós seja particularmente fã de basebol, mas realmente é uma experiência que por si só vale a pena, nem que seja só para visitar Fenway Park. E confesso que até tentei estudar as regras, mas a verdade é que era muita informação ao mesmo tempo e o jogo em si é muito menos emocionante do que o futebol ou basquetebol (e deste sim, estou mesmo fã :)
Não que nenhuma de nós seja particularmente fã de basebol, mas realmente é uma experiência que por si só vale a pena, nem que seja só para visitar Fenway Park. E confesso que até tentei estudar as regras, mas a verdade é que era muita informação ao mesmo tempo e o jogo em si é muito menos emocionante do que o futebol ou basquetebol (e deste sim, estou mesmo fã :)
E depois de uma longa saga de explicação das regras, e da subsequente desistência desse processo para simplesmente estarmos lá na palhaçada, perguntou-me um dos nossos colegas de bancada qual era a minha impressão depois do meu primeiro jogo de basebol... e é bastante simples, como em todos os desportos, é sempre uma boa desculpa para as pessoas passarem tempo juntas de uma forma divertida e fazerem a festa, e isso é sempre saudável :)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Ball Square Family Health
Começando a segunda metade do mês, começou também a segunda parte do meu estágio aqui, agora numa clínica no norte de Somerville (Ball Square Family Health). Na prática as actividades são bastante parecidas, com a diferença que vou passar parte de segunda semana a tempo inteiro na maternidade.
Para além de me orientar a mim, o meu supervisor tem também um aluno de medicina americano, o Matt, que está a fazer um estágio de verão. E sim, ele continua a corroborar a minha opinião sobre os americanos - e a verdade é que cada vez gosto mais deles como povo, easy-going, não tão centrados em si próprios como eu julgava, sempre a rirem-se dos os seus próprios defeitos culturais, e bastante abertos e interessados por outras culturas. E continuo a ficar encantada por as pessoas se cumprimentarem na rua, nos supermercados, basicamente nos sítios públicos em geral, como se se conhecessem. A verdade é que parece que não muda nada, mas torna o dia da pessoa bem mais agradável. Era capaz de me habituar :)
Quanto ao meu novo supervisor, é uma pessoa muito interessante, eu diria muito inspiradora mesmo. O consultorio dele é um lugar muito sui generis - com vários post-its com frases engraçadas ("carpe punctum", "be creative at least once a day", "I like to tell my patient's stories", "I am energized by the possibility of being caught up").
A maneira dele falar com os doentes também é muito interessante - eu juro que não sei como ele faz, mas os 15 minutos da consulta parecem o dobro do tempo, fala e fala e fala com os doentes sobre os seus problemas, sobre o impacto deles, sobre como eles se sentem. A verdade é que o tempo que ele passa a prescrever é mínimo, e a maioria das vezes acaba por não prescrever nada que nao seja estritamente necessario e os doentes saem felicissimos na mesma (e eu penso, eu quero ser assim quando for grande)
Esta clínica é privada, e por isso um pouco diferente do sítio onde estive a primeira metade do mês, e nela trabalham outro médico e uma médica. O ambiente entre eles é bastante relaxado, e e é engraçado como coisas tão simples partilharmos o gosto por algumas séries comuns quebra o gelo. [Cada vez mais acho que as relações profissionais são muito potenciadas por as pessoas reconhecerem, para além de competência profissional, alguns detalhes pessoais que as façam simplesmente "gostar" de alguém.] Sim, eles são um pouco loucos por Friends e How I Met Your Mother, sabem as falas de cor, e fazem-nas entre eles... Ontem, depois do almoço, o meu supervisor deixou-me em cima da secretaria, como homework para o fim de semana, não um livro de Family Medicine, não um artigo para ler, mas um DVD do Bro's Code - acho que isto fala por si :)
[Já para não dizer que outro dia cantaram juntos isto lá :))]
Para além de me orientar a mim, o meu supervisor tem também um aluno de medicina americano, o Matt, que está a fazer um estágio de verão. E sim, ele continua a corroborar a minha opinião sobre os americanos - e a verdade é que cada vez gosto mais deles como povo, easy-going, não tão centrados em si próprios como eu julgava, sempre a rirem-se dos os seus próprios defeitos culturais, e bastante abertos e interessados por outras culturas. E continuo a ficar encantada por as pessoas se cumprimentarem na rua, nos supermercados, basicamente nos sítios públicos em geral, como se se conhecessem. A verdade é que parece que não muda nada, mas torna o dia da pessoa bem mais agradável. Era capaz de me habituar :)
Quanto ao meu novo supervisor, é uma pessoa muito interessante, eu diria muito inspiradora mesmo. O consultorio dele é um lugar muito sui generis - com vários post-its com frases engraçadas ("carpe punctum", "be creative at least once a day", "I like to tell my patient's stories", "I am energized by the possibility of being caught up").
A maneira dele falar com os doentes também é muito interessante - eu juro que não sei como ele faz, mas os 15 minutos da consulta parecem o dobro do tempo, fala e fala e fala com os doentes sobre os seus problemas, sobre o impacto deles, sobre como eles se sentem. A verdade é que o tempo que ele passa a prescrever é mínimo, e a maioria das vezes acaba por não prescrever nada que nao seja estritamente necessario e os doentes saem felicissimos na mesma (e eu penso, eu quero ser assim quando for grande)
Esta clínica é privada, e por isso um pouco diferente do sítio onde estive a primeira metade do mês, e nela trabalham outro médico e uma médica. O ambiente entre eles é bastante relaxado, e e é engraçado como coisas tão simples partilharmos o gosto por algumas séries comuns quebra o gelo. [Cada vez mais acho que as relações profissionais são muito potenciadas por as pessoas reconhecerem, para além de competência profissional, alguns detalhes pessoais que as façam simplesmente "gostar" de alguém.] Sim, eles são um pouco loucos por Friends e How I Met Your Mother, sabem as falas de cor, e fazem-nas entre eles... Ontem, depois do almoço, o meu supervisor deixou-me em cima da secretaria, como homework para o fim de semana, não um livro de Family Medicine, não um artigo para ler, mas um DVD do Bro's Code - acho que isto fala por si :)
[Já para não dizer que outro dia cantaram juntos isto lá :))]
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Charles River Cruise & The Freedom Trail
Sendo os fins de semana tão preciosos (e passando o tempo tão rápido...), eu e a Angie decidimos que o mais esperto era fazermos uma agenda das nossas actividades turísticas, para tentar aproveitar ao máximo o tempo que estamos aqui. Assim, o nosso passeio de hoje incluiu um passeio de barco pela North End de Boston e o Freedom Trail .
O Freedom Trail foi idealizado por uma jornalista americano chamado William Schofield, que desde 1951 propôs a ideia de ligar os principais locais históricos da cidade através de um trilho de 2,5 milhas que atravessa Boston, e passa pelos sítios mais relevantes no contexto do processo da independência dos EUA. Começa no parque da cidade, Boston Common e vai até ao Bunker Hill (um monumento do outro lado do Charles River), e pelo caminho passa pela State House (onde visitamos a nossa housemate Kathleen, que trabalha lá :), Haymarket (um mercado local, onde há todo o tipo de berries ao preço da chuva), pelo bairro italiano, várias igrejas e edifícios históricos, e ainda um navio, o USS Constitution. Como diria o meu guia, o meu percurso turístico de Boston é grátis, aberto todo o ano e self-guided.
E tem a vantagem de, nos momentos em que nos distraímos com as lojas, facilmente retomarmos o rumo... é só olhar para o chão nas redondezas :)
quarta-feira, 9 de junho de 2010
* just discovered *
* que o tamanho médio de um iogurte aqui é cerca do dobro de qualquer iogurte normal na Europa
* que não existe puré de legumes no supermercado (com sorte sopas com massa e carne tipo minestrone)
* que se pode pagar até 1000 dólares por semestre para se ser parte de uma sorority (e que para se entrar são necessários sucessivos castings, e que após isso a vida social da pessoa tem que se enquadrar nos princípios da sorority)
* o que é um hipster
* que a birth control pill pode custar cerca de 15 dólares a embalagem (sim era de prever que não fosse grátis, mas ainda assim!)
* que quer o Obama quer a Hillary choraram em plena campanha eleitoral (e que alguns americanos acharam que era sensível um homem a chorar, mas que numa mulher isso demostrou uma labilidade emocional não desejável)
* que não existe puré de legumes no supermercado (com sorte sopas com massa e carne tipo minestrone)
* que se pode pagar até 1000 dólares por semestre para se ser parte de uma sorority (e que para se entrar são necessários sucessivos castings, e que após isso a vida social da pessoa tem que se enquadrar nos princípios da sorority)
* o que é um hipster
* que a birth control pill pode custar cerca de 15 dólares a embalagem (sim era de prever que não fosse grátis, mas ainda assim!)
* que quer o Obama quer a Hillary choraram em plena campanha eleitoral (e que alguns americanos acharam que era sensível um homem a chorar, mas que numa mulher isso demostrou uma labilidade emocional não desejável)
terça-feira, 8 de junho de 2010
ser interno cá é assim
Durante o programa de residência / internato médico, existem uma espécie de reuniões clínicas (grand rounds), às quais os internos podem assistir. Esta terça, o tema da family medicine grand round foi a o rastreio da violência doméstica e o seu impacto nas crianças envolvidas.
Como existem vários programas de internato nesta área, normalmente a conferência decorre num dos auditórios (neste caso em Malden), mas é transmitida em videoconferência para outros hospitais e centros de saúde.
Foi a primeira vez que assisti a uma coisa deste tipo e confesso que fiquei bastante impressionada, principalmente em relação à participação das pessoas que, independentemente de estarem no local ou em videoconferência, fizeram várias perguntas e geraram uma discussão bastante interessante.
A minha supervisor achou que seria interessante para mim ter algum contacto com o programa de internato deles e por isso acompanhei-a à tarde no Malden Family Health Center. A orientação deles é um pouco diferente da nossa - existem vários gabinetes onde os internos fazem consulta, e depois existe uma sala / biblioteca onde estão 2 supervisores, em vários turnos (manhã / tarde / noite). Sempre que observam um doente, vêm discutir o caso com o supervisor no final - e em caso de dúvida vão observar o doente juntos. A grande diferença é que o supervisor está lá realmente apenas para isso, não tem as suas próprias consultas (enquanto aí, sempre que preciso de uma opinião, tenho que interromper a consulta da minha orientadora, o que nem sempre é muito simpático).
Outra diferença é que os internos não têm responsabilidade legal até ao final da especialidade, enquanto nós a temos no final do primeiro ano - aqui, mesmo que o supervisor não tenha ido observar directamente o doente, o caso é sempre discutido com ele, e por isso é sempre dele a responsabilidade.
A minha supervisor achou que seria interessante para mim ter algum contacto com o programa de internato deles e por isso acompanhei-a à tarde no Malden Family Health Center. A orientação deles é um pouco diferente da nossa - existem vários gabinetes onde os internos fazem consulta, e depois existe uma sala / biblioteca onde estão 2 supervisores, em vários turnos (manhã / tarde / noite). Sempre que observam um doente, vêm discutir o caso com o supervisor no final - e em caso de dúvida vão observar o doente juntos. A grande diferença é que o supervisor está lá realmente apenas para isso, não tem as suas próprias consultas (enquanto aí, sempre que preciso de uma opinião, tenho que interromper a consulta da minha orientadora, o que nem sempre é muito simpático).
Outra diferença é que os internos não têm responsabilidade legal até ao final da especialidade, enquanto nós a temos no final do primeiro ano - aqui, mesmo que o supervisor não tenha ido observar directamente o doente, o caso é sempre discutido com ele, e por isso é sempre dele a responsabilidade.
E o meu dia na residency terminou aqui... no jantar do Cambridge Hospital Annual Staff Meeting! Curiosamente, a discutir assuntos relativos à reforma dos cuidados de saúde, incrivelmente semelhantes às que se discutiram recentemente aí com a reforma dos cuidados de saúde e da organização das Unidades de Saúde Familiar :)
[comprei outro livro]
In my younger and more vulnerable years my father gave me
some advice that I've been turning over in my mind ever since.
"Whenever you feel like criticizing any one," he told me,
"just remember that all the people in this world
haven't had the advantages that you've had."
The Great Gatsby, F. Scott Fitzgerald (1925)
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Melting pot
Outro dia perguntaram-me no Union Square quais eram as principais diferenças e semelhanças, da minha experiência, entre os EUA e Portugal.
E eu diria:
E eu diria:
# a comunidade
É uma das coisas mais encantadoras da minha experiência aqui. Presumo que seja uma particularidade deste sítio onde, dos cerca de 80.000 habitantes, um quarto não são caucasianos, e onde existem uma grande fatia da população emigrante - irlandeses, italianos, portugueses (especialmente dos Açores), brasileiros, haitianos, centro-americanos, coreanos, indianos... é um grande melting pot!). E isso faz com que uma grande parte das consultas não seja em língua inglesa, mas em português ou espanhol. Para além da língua, é também interessante lidar com contextos sociais, culturais e religiosos muito diferentes entre si - e com o contacto com uma população emigrante, com a sua percepção e adaptação a um país novo, e com a sua vontade tranversal de não perder a sua própria identidade.
É uma das coisas mais encantadoras da minha experiência aqui. Presumo que seja uma particularidade deste sítio onde, dos cerca de 80.000 habitantes, um quarto não são caucasianos, e onde existem uma grande fatia da população emigrante - irlandeses, italianos, portugueses (especialmente dos Açores), brasileiros, haitianos, centro-americanos, coreanos, indianos... é um grande melting pot!). E isso faz com que uma grande parte das consultas não seja em língua inglesa, mas em português ou espanhol. Para além da língua, é também interessante lidar com contextos sociais, culturais e religiosos muito diferentes entre si - e com o contacto com uma população emigrante, com a sua percepção e adaptação a um país novo, e com a sua vontade tranversal de não perder a sua própria identidade.
# um sistema de saúde baseado nas seguradoras
Isto sim, muda definitivamente tudo.
Vejo muitas vezes pessoas que dizem que não vão comprar a medicação porque a seguradora não a comparticipa, ou comparticipa de forma insuficiente. Se por algum motivo o doente tiver alguma alergia ou algum efeito lateral ao fármaco de escolha de primeira linha, o médico tem que escrever um requerimento formal à seguradora a pedir a comparticipação de um fármaco de segunda linha - de outra forma não será comparticipado. E isto demora, até lá.
Isto sim, muda definitivamente tudo.
Vejo muitas vezes pessoas que dizem que não vão comprar a medicação porque a seguradora não a comparticipa, ou comparticipa de forma insuficiente. Se por algum motivo o doente tiver alguma alergia ou algum efeito lateral ao fármaco de escolha de primeira linha, o médico tem que escrever um requerimento formal à seguradora a pedir a comparticipação de um fármaco de segunda linha - de outra forma não será comparticipado. E isto demora, até lá.
Quando vêm pedir um check-up de rotina, cada um dos pedidos de análises (perfil hepático, renal, hemograma) é discutido até à exaustão com o doente, de forma a perceber se é realmente pertinente pedir cada um deles - e muitas das vezes os doentes fazem as contas e eles próprios estabelecem algumas prioridades entre prioridades.
A Medicare, uma das principais seguradoras, começou apenas em 2001 a (com)participar o rastreio do cancro do cólon.
O Médico de Família aqui é bastante mais interventivo - como os dermatologistas lhes demoram a responder em tempo útil, eles próprios fazem todas as coisas mais simples de pequena cirurgia, como tirar sinais benignos, tratar verrugas, crioterapia. Também fazem muito mais ginecologia, mesmo excluindo a questão de fazerem eles próprios os partos (ecografias obstétricas, biópsias, colposcopias).
# os sistemas de informação
Têm um sistema onde toda a informação do doente está concentrada (quer a do centro de saúde, quer a hospitalar, quer a de referenciações externas), o que facilita muito as coisas.
Têm a chatice de ter que fazer registos extensíssimos para justificar os procedimentos e prescrições às seguradoras - mas têm também um sistema de introdução dos dados em que preenchem uma checklist e que escreve a partir daí uma história clínica em texto, direitinha e detalhada.
Têm uma base de dados a partir da qual podem imprimir conselhos sobre quase tudo para dar aos doentes, basta procurar por tema.
# os sistemas de informação
Têm um sistema onde toda a informação do doente está concentrada (quer a do centro de saúde, quer a hospitalar, quer a de referenciações externas), o que facilita muito as coisas.
Têm a chatice de ter que fazer registos extensíssimos para justificar os procedimentos e prescrições às seguradoras - mas têm também um sistema de introdução dos dados em que preenchem uma checklist e que escreve a partir daí uma história clínica em texto, direitinha e detalhada.
Têm uma base de dados a partir da qual podem imprimir conselhos sobre quase tudo para dar aos doentes, basta procurar por tema.
# uma surpresa
efectivamente "ver" doentes é muito parecido - a mesma abordagem, a mesma colheita de história clínica e exame físico, a mesma orientação, as mesmas prescrições. E isto sim, foi curioso para mim - e uma confirmação que, com todos os seus problemas, o nosso sistema de saúde tem realmente muitas coisas boas.
[e sim, os miúdos são igualmente queridos, e já tenho alguns desenhos deles para a minha colecção :))]
[e sim, os miúdos são igualmente queridos, e já tenho alguns desenhos deles para a minha colecção :))]
Subscrever:
Mensagens (Atom)